Não foi uma ruptura completa, como muitos fazem acreditar…
Eu ainda engoli muitos nãos importantes depois!
Mas aquele não, em especial, me libertou de muita coisa.
Talvez a principal tenha sido a gaiola que eu me deixei colocar. Não só por você, mas por todos que me diziam como eu deveria ser e o que deveria fazer.
Eu ainda levaria algum tempo pra entender que não precisava mais voltar pra essa gaiola quando me sentisse acuado.
Pra quem viveu nesse cativeiro, é difícil entender que essa portinhola aberta significa liberdade e que se pode deixar aquilo pra trás pra sempre, mesmo com medo.
Explorar sozinho esse novo universo externo e o inexplorado universo interno, me trouxe outra visão das coisas. Com mais carinho, ternura e compreensão.
Eu não fazia ideia de como esse não seria importante; E não adianta me iludir dizendo que ele poderia ter vindo antes. Ele veio quando foi possível, mesmo que não tenha sido fácil.
Meus sonhos, desejos, incômodos, objetivos, falas e pensamentos não se aprisionam mais. O que passou não deixa de existir, mas eu aprendi a ressignificar tudo.
Pra ser sincero, até hoje não tenho muita certeza de onde tirei forças pra dizer esse não. Talvez do cansaço, talvez por receber apoio das poucas pessoas que se conseguiram se aproximar aos poucos nos momentos em que você não tinha como controlar (apesar de ter controlado todos os aspectos da minha vida), ou talvez fosse só um último suspiro mesmo.
Fato é que o porquê não é tão importante quanto o fato de ter acontecido e tudo o que se sucedeu depois.
Antes eu só encontrava conforto nos dias cinzas e chuvosos, que me remetiam à minha terra natal e me lembravam de tempos mais simples (ainda que não isentos de traumas também, mas com menos responsabilidades e vivendo menos no automático).
Aos poucos os dias ensolarados e coloridos foram ficando mais acolhedores.
Eu ainda prefiro aquele dia com o céu bem azul, sem nenhuma nuvem, mas frios e com o vento gelado parecendo uma navalha que em mãos imprudentes pode cortar.
Porém, o tempo é experiente! O calor que ele trás não é do sangue escorrendo, mas do coração pulsando.
Pode ser que você também esteja precisando dizer seu não por aí e ainda nem se deu conta.
Eu sei como isso é complicado, mas você pode buscar um acompanhamento profissional pra te ajudar, e esse não venha pra você tal qual a Sakura gritando “Liberte-se”.