(e tá tudo bem)
Você também já sentiu culpa por não conseguir dar conta de tudo, seja o que se propôs, ou mesmo coisas que foram impostas a você?
Talvez seja a forma como fomos socializados, que nos coloca no papel de “provedores” (sic); talvez por internalizar uma cobrança imposta em nossa criação, de que não devemos dar trabalho; talvez pela influência social e cultural de ideias como “trabalhe enquanto eles dormem”, meritocracia, resiliência e outras tantas que só servem para perpetuar o sistema em que estamos compulsoriamente inseridos; e pode ser que talvez haja sim uma síndrome do salvador aí (consulte um profissional, não se autodiagnostique).
Independente da causa raiz, o fato é que, apesar de nossas habilidades ou força de vontade, não dá pra resolver tudo o tempo todo - e isso pode ser extremamente frustrante, eu sei.
Não caia no papo de que todo mundo tem as mesmas 24h… Quem trabalha de home-office no ar-condicionado certamente tem uma vantagem enorme sobre quem pega 2h de transporte público lotado (e esse é apenas um dos muitos aspectos que invalida essa ideia absurda).
Pra piorar, quando estamos passando por um momento difícil, é quase impossível não nos compararmos com momentos onde estávamos bem e conseguíamos dar conta de mais coisas do que estamos conseguindo no momento… Mas esse tipo de comparação é injusta e só trás ainda mais frustrações. Não só porque as condições são diferentes, mas também porque não há exatamente uma obrigação de dar conta de tudo.
Porém, esse não é um texto niilista (nenhum desse perfil é, vocês já sabem).
A ideia não é jogar tudo pro alto porque não dá pra fazer tudo mesmo, mas fazer o possível, sem se esgotar, sem se cobrar pelo que não deu certo, e lidar com as consequências disso da forma mais leve possível (que às vezes não vai ser tão leve também, não se engane).