Precisamos mudar nossa definição de sucesso.

Na sociedade e sistema em que estamos compulsoriamente inseridos, somos incentivados a competir por tudo e com todos o tempo todo. Por isso, somos levados a acreditar que sucesso é o acúmulo exagerado.

Quem é considerado bem sucedido no trabalho é quem possui um alto cargo e salário, não quem consegue fazer com que o trabalho cumpra sua função e não tome tempo ou energia da sua vida pessoal.

Quem é considerado bem sucedido financeiramente é quem mais acumula dinheiro, não quem desfruta do resultado do seu trabalho e redistribui de maneira justa o excedente com quem ajudou a conquistá-lo.

Quem é considerado bem sucedido no bar é quem aguenta beber mais, não quem consegue fazer escolhas que o permita aproveitar mais a companhia do que a própria bebida.

Quem é considerado bem sucedido no restaurante é quem dá prejuízo pro dono, não quem aprecia a comida e pára quando está satisfeito.

Quem é considerado bem sucedido com as mulheres é quem pega várias, não quem consegue ter conversas profundas e criar outros vínculos além de tesão e romance.

Quem é considerado bem sucedido na família é quem ostenta pra sociedade que são perfeitos sempre, não quem mantém o respeito, acolhimento e diálogo aberto, mesmo quando nem tudo vai bem.

Quem é considerado bem sucedido espiritualmente é quem diz conhecer e reproduzir tudo que sua crença prega, não quem entendeu que amor e respeito são a base de todas as crenças.

Quem é considerado bem sucedido nas redes sociais é quem acumula milhões de seguidores, não quem está criando um conteúdo autoral que agregue à sua própria vida e de seus seguidores.

Numa rápida ida ao banheiro ouve-se sobre placar de beijos, de álcool ingerido, de gasto no cartão, de tamanho de p@u e por aí vai.

Esse espírito de competição pelo ideal errado de sucesso nos faz tomar atitudes ruins para todos os envolvidos (inclusive nós mesmos), buscando algo que nunca será possível alcançar e que não traria um sentimento verdadeiro de realização.

A frustração de não conseguir atingir esse padrão nos afunda em quadros e sentimentos que não nos permitem sequer questionar se o que almejamos é um desejo nosso real ou imposto; se estamos atrás de um ideal ou algo que realmente nos faz sentido; se estamos atrás de aprovação ou de completude; se faz sentido seguirmos reproduzindo esse sistema.

Não me entenda errado, tá tudo bem beijar uma pessoa sem ao menos saber o nome dela. Nem todas as nossas conexões precisam ser profundas e é normal a gente se entregar pra libido. Tem coisa que é só do momento mesmo…

Contudo, se o seu objetivo é APENAS beijar o maior número de pessoas, qual é o ganho real que você vai ter com isso? Aprovação dos amigos? Um impulso de autoestima delirante? Uma massagem momentânea no ego? Provar algo que não precisa ser provado? Negar sua insegurança?

Adaptando-se o contexto, isso serve para todas as situações descritas nesse post.

Traçamos objetivos errados porque temos medo de lidar com nossos problemas reais - e muitas vezes nos falta até estofo para reconhecer quais problemas são esses (vale procurar ajuda profissional pra isso).

Enquanto corremos e nos exaurimos para cumprir os objetivos que nos fizeram acreditar que são nossos, machucamos os outros e deixamos de olhar para dentro de nós mesmos e nos perguntar quais são nossos problemas e desejos reais e, assim, estabelecer os objetivos que fazem sentido pra nossa vida.

O acúmulo exagerado não vai resolver essa sua dor.

Publicação original no Instagram (@tilima)

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