Você já ouviu falar em Contrafactual?

Bom dia meus limõezinhos!

Como vocês estão por aí?

Eu já falei aqui sobre criação de expectativas, né? Mas acho que nunca de uma perspectiva contrafactual…

E antes que vocês digam que eu tô inventando palavra, contrafactual é o famoso “e se”. É imaginar como seria uma situação se algo diferente tivesse acontecido.

Se por um lado isso é muito positivo como exercício de criatividade e pode trazer obras de ficção excelentes como Era Uma Vez em Hollywood, no campo do comportamento e relacionamento não ficcional isso só pode ser usado para reflexão e aprendizado, mas não para projeção.

Eu sei, eu sei… Tô complicando o assunto, então bora de anedota.

Tava conversando com um amigo outro dia e ele tava falando sobre uma menina que ele conheceu e saiu por um tempo e que mexeu demais com a cabeça dele… Been there, done that.

Enfim, ele disse que estavam em momentos diferentes, onde ele queria partir pra um relacionamento, enquanto ela estava querendo focar mais na carreira e que esse desencontro acabou afastando os dois, mas tudo o que ele mais queria era que eles tivessem conseguido ficar juntos.

Bom, essas coisas acontecem mesmo… O perigo é quando começamos a imaginar um futuro onde as coisas seriam diferentes, como ele fez logo a seguir:

Ele disse que deveria ter agido de outra forma, não demonstrado tanto interesse, não expressado o que estava sentindo, e o famoso “não ter sido emocionado”, aí, quem sabe, estariam juntos até hoje.

O problema do contrafactual é que ele é uma expectativa sobre um futuro que não existe e que considera que pequenas mudanças no passado trariam grandes mudanças no futuro, ignorando que qualquer outra coisa no meio do caminho poderia ter frustrado essa expectativa da mesma forma ou de uma forma diferente (que poderia ser ainda pior, inclusive).

Nessas projeções contrafactuais de comportamento e relacionamento tudo dá certo, a gente nunca projeta que na verdade esse relacionamento não ter acontecido pode ter sido um livramento.

E não tem como saber, porque a gente só pode ter certeza sobre o que aconteceu de fato.

Ficar preso em um futuro utópico de algo que provavelmente não vai acontecer, visto o desenrolar dessa história, pode impedir que se viva momentos realmente interessantes e bacanas no presente, não necessariamente com outras pessoas, mas até mesmo consigo.

Quando meu amigo disse que deveria ter agido de outra forma, além de levar pra um lugar perigoso onde, mais uma vez, os homens tem que esconder seus sentimentos para serem validados, também ignora completamente a outra pessoa: a decisão de não ter seguido partiu dela, não da sua atitude (claro que uma coisa pode ter colaborado com a outra, mas o resultado poderia ser completamente diferente em outra situação).

Se formos analisar de uma forma fria: a outra pessoa estava em um momento onde não queria um relacionamento. Logo, insistir em um relacionamento ali só teria realmente dois cenários possíveis: a ruptura, como aconteceu; ou uma das partes se diminuir para atender o desejo da outra, o que também não é nada saudável.

Eu sei que às vezes aquela pessoa parece perfeita e a gente sonha com uma situação onde tudo deu certo, mas será que vale a pena mesmo deixarmos de ser quem somos, viver como vivemos, desejar o que desejamos, sentir o que e como sentimos, para se encaixar na expectativa da outra pessoa?

Bom, se a experiência anedótica de uma pessoa que já passou por isso contar: não, não vale.

Pode ser que vocês estejam em momentos diferentes agora, o que não significa que estarão em momentos diferentes pro resto da vida… Quem sabe um dia as coisas se ajeitam? Só não conte com isso como dado, nem pare a sua vida pra esperar isso acontecer.

Bom gente, como sugestão pro Espreme o Suco de hoje eu quero deixar essa pergunta aqui: Você já conhecia o termo contrafactual? Já tinha pensado nele sendo usado em um contexto de não ficção, em especial para comportamento e relacionamento? Já se pegou em uma situação dessa alguma vez? Como lidou?

Bom, é isso. Bora então pra nossa jornada!

Você também vive no mundo do "e se", ou está se permitindo ter outras experiências sabendo que tá tudo bem frustrar as expectativas de vez em quando?

Publicação original no Instagram (@tilima)

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